segunda-feira, 14 de junho de 2010

PATRIOTISMO CAMUFLADO


Incrível, o mundo está vestido de verde e amarelo. Não só apenas pelo amor a ginga brasileira, mas também por ser as cores referentes ao país que está sediando a esse belíssimo encontro de raças e religiões, África do Sul. O país localizado ao extremo sul da África, sendo que este é reconhecido por suas 11 línguas oficiais segundo a Carta-magna do país. A África é também conhecida pela sua abrangência multiétnica, que abriga quase 80% dos seus habitantes negros e ainda as maiores comunidades europeias. Mas nem tudo são flores, há exatos 17 anos atrás essa terra fora habitada por muita miséria e repressão. Hoje, libertos da escravidão-social, os sul-africanos comemoram arduamente por esse momento histórico, inclusive, o dia da liberdade(freedom day) é comemorado no dia 27 de abril, onde se celebram as primeiras eleições livres pós-Apartheid. Mas sejamos sinceros, atualmente felizes, mas não livres da dolorosa taxa de desemprego - que acerca quase um quarto da população- e ainda a temida epidemia de HIV, pelo qual é um problema social SERÍSSIMO!. E essa fora a primeira grande dificuldade pelo qual o Estado passou para conseguir sediar a grande e esperada Copa do Mundo.Vejamos, os critérios para tornar um país sede de encontro de várias nações é minucioso e pra lá de projetado. Foi isso que aconteceu. Apesar dos sul-africanos serem donos da maior economia do continente, isso não bastaria. Falando em aspecto de estrutura, segurança e estabilidade, em quê a África conseguiria se sobrepor?. Não sei, só sei que quando o comitê entende que sim o mundo inteiro não conseguiria dizer que não. Vamos ao ponto. Me irrita, sinceramente, o patriotismo que acerca os nobres brasileiros nessa época. Não sou uma amante de futebol e passo bem longe de ser uma anti-copa-do-mundo. Apóio o esporte em todas as suas modalidades e sou defensora da ideia de que o esporte pode sim mudar um caminho e estabelece laços fortes de respeito e compromisso na vida em sociedade. Porém abomino a relação pobreza e futuro- jogador de futebol. Não suporto ver uma criança pobre dizer que quer ajudar a família e para isso vai ser um grande jogador de futebol. O Estado tem que impor a essas cabecinhas que para jogar bem e ser bem sucedido ele terá que entender não apenas de futebol, mas de geografia, história, matemática (controlar milhões), línguas e cultura, então pequeninos: tem que estudar. Sou chata e implicante, já me falaram várias vezes isso. Me tira do sério aquelas bandeirolas no carro de cada cidadão araguaínense. Veja, quantas dessas pessoas trocariam uma viagem à Europa por um passeio ao paraíso nordestino que poucos conhecem?. Quantas dessas mulheres pintariam suas unhas de verde-e-amarelo durante a páscoa?. Quantos playboys trocariam a camisa do seu time do coração por uma camisa oficial do Brasil?. Me desculpem, mas não desce. Sou patriota, confesso. Não há um outro país que me convence e encanta mais que o Brasil. Me fere quando assisto jornais e vejo a lacuna governamental e a atitude inescrupulosa de alguns indivíduos brasileiros. Adoro nossa língua-mãe e dou um boi pra não ver adolescentes escreverem: "comofas" e "vs" (abreviatura nonsense de "você"). Não me conformo com o senhor presidente da república que acha que a chave propulsora do Brasil para negócios no exterior são firmados pelo "rei Pelé" ou Kaká e CIA. O Brasil joga bem? sim, sem dúvidas. Mas não esqueçamos que o mundo não é feito de realizações esportivas, e que enquanto não defendermos nossa pátria com ardor e eficiência ela jamais crescerá e nos proporcionará algo a nível europeu, e veja, me refiro a saúde, educação e dignidade. Enquanto somos reféns de uma "pelada" nos finais de semana, seremos reféns a vida inteira da calamidade, conformismo, e ainda, dos abusos do Estado.

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Araguaína, Tocantins, Brazil
Uma fã da obra do cineasta Stanley Kubrick. A laranja mecânica lida por Jack Nicholson. Uma apaixonada por Thomas Hobbes. Uma entre centenas de revoltados pela fragilidade do príncipe regente D. João. Anti-censura/falácia/grito sem voz. Membro do exército de ideais Napoleônicos. Revolucionária que ainda não achou sua causa. Estudiosa da obra Clariciana. Defensora do blues e seus afluentes. Refém das palavras do Sir. Fiódor Dostoiévski e Arthur Conan Doyle. Habitante imaginária da biblioteca de Alexandria. Quem sobrevive da frieza dos relatos literários europeus do século XVIII. Ex- garota-simpática.

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